domingo, agosto 16, 2009

Der neuere (glücklichere) Werther - O mais novo (mais feliz) Werther

Essa é mais uma tradução de uma anedota de Heinrich von Kleist. Para quem se interessar, eu pego esses textos no Projekt Gutenberg - DE. Para quem não conhece, essa anedota é uma sátira do famoso Os sofrimentos do jovem Werther de Goethe, obra que ficou famosa por, supostamente, ter provocado uma série de suicídios em toda a Europa. A obra de Goethe foi traduzida para várias línguas e dizem que o jovem Werther chegou até mesmo a estampar porcelanas chinesas. Para quem ainda não conhece o romance goethiano, de sua fase Sturm und Drang, tá aí uma boa sugestão de leitura. Por ora, fiquem com "O mais novo (mais feliz) Werther".

(abaixo uma ilustração do velho Werther, com seu colete azul e suas calças amarelas)



Der neuere (glücklichere) Werther


Zu L..e in Frankreich war ein junger Kaufmannsdiener, Charles C..., der die Frau seines Prinzipals, eines reichen aber bejahrten Kaufmanns, namens D..., heimlich liebte. Tugendhaft und rechtschaffen, wie er die Frau kannte, machte er nicht den mindesten Versuch, ihre Gegenliebe zu erhalten: um so weniger, da er durch manche Bande der Dankbarkeit und Ehrfurcht an seinen Prinzipal geknüpft war. Die Frau, welche mit seinem Zustande, der seiner Gesundheit nachteilig zu werden drohte, Mitleiden hatte, forderte ihren Mann, unter mancherlei Vorwand auf, ihn aus dem Hause zu entfernen; der Mann schob eine Reise, zu welcher er ihn bestimmt hatte, von Tage zu Tage auf, und erklärte endlich ganz und gar, daß er ihn in seinem Kontor nicht entbehren könne. Einst machte Herr D..., mit seiner Frau, eine Reise zu einem Freunde, aufs Land; er ließ den jungen C..., um die Geschäfte der Handlung zu führen, im Hause zurück. Abends, da schon alles schläft, macht sich der junge Mann, von welchen Empfindungen getrieben, weiß ich nicht, auf, um noch einen Spaziergang durch den Garten zu machen. Er kömmt bei dem Schlafzimmer der teuern Frau vorbei, er steht still, er legt die Hand an die Klinke, er öffnet das Zimmer: das Herz schwillt ihm bei dem Anblick des Bettes, in welchem sie zu ruhen pflegt, empor, und kurz, er begeht, nach manchen Kämpfen mit sich selbst, die Torheit, weil es doch niemand sieht, und zieht sich aus und legt sich hinein. Nachts, da er schon mehrere Stunden, sanft und ruhig geschlafen, kommt, aus irgend einem besonderen Grunde, der, hier anzugeben, gleichgültig ist, das Ehepaar unerwartet nach Hause zurück; und da der alte Herr mit seiner Frau ins Schlafzimmer tritt, finden sie den jungen C..., der sich, von dem Geräusch, das sie verursachen, aufgeschreckt, halb im Bette, erhebt. Scham und Verwirrung, bei diesem Anblick, ergreifen ihn; und während das Ehepaar betroffen umkehrt, und wieder in das Nebenzimmer, aus dem sie gekommen waren, verschwindet, steht er auf, und zieht sich an; er schleicht, seines Lebens müde, in sein Zimmer, schreibt einen kurzen Brief, in welchem er den Vorfall erklärt, an die Frau, und schießt sich mit einem Pistol, das an der Wand hängt, in die Brust. Hier scheint die Geschichte seines Lebens aus; und gleichwohl (sonderbar genug) fängt sie hier erst allererst an. Denn statt ihn, den Jüngling, auf den er gemünzt war, zu töten, zog der Schuß dem alten Herrn, – der in dem Nebenzimmer befindlich war, den Schlagfluß zu: Herr D... verschied wenige Stunden darauf, ohne daß die Kunst aller Ärzte, die man herbeigerufen, imstande gewesen wäre, ihn zu retten. Fünf Tage nachher, da Herr D... schon längst begraben war, erwachte der junge C..., dem der Schuß, aber nicht lebensgefährlich, durch die Lunge gegangen war: und wer beschreibt wohl – wie soll ich sagen, seinen Schmerz oder seine Freude? als er erfuhr, was vorgefallen war, und sich in den Armen der lieben Frau befand, um derentwillen er sich den Tod hatte geben wollen! Nach Verlauf eines Jahres heiratete ihn die Frau; und beide lebten noch im Jahr 1801, wo ihre Familie bereits, wie ein Bekannter erzählt, aus 13 Kindern bestand.



O mais novo (mais feliz) Werther

Em L...e, na França, havia um jovem funcionário de um comerciante, Charles C..., que secretamente amava a mulher de seu patrão, um homem de negócios rico, mas idoso, chamado D... . Virtuosa e honesta, como ele a conhecia, não fazia a menor tentativa de ganhar sua simpatia; e ainda menos, pois estava amarrado ao seu patrão por laços de gratidão e respeito. A mulher, que por compaixão ao seu estado de saúde que ameaçava piorar, pediu ao marido, sob vários pretextos, para que se afastasse de casa; o marido adiava a viagem, para a qual se designara, dia após dia; e finalmente esclarecia bem, que não podia se dispensar de seus negócios. Depois de um bom tempo, o Senhor D... e sua esposa viajaram para a casa de um amigo, nos campos, deixando para trás, o jovem C..., para conduzir os negócios de sua loja. À noite, quando todos já dormem, o jovem – movido por quais sentimentos eu não sei –, sai para dar ainda mais um passeio no jardim. Ele passa pelo quarto de dormir da cara esposa e para, quieto; coloca a mão na maçaneta; abre o quarto: o coração quase lhe sai pela boca à vista da cama, na qual ela costumava descansar. Depois de alguma luta consigo mesmo, ele comete a tolice; porque certamente ninguém o observava, despe-se e deita na cama. De madrugada, depois que ele já havia dormido por várias horas em paz e tranquilidade, por qualquer motivo que aqui não nos importa, o casal inesperadamente volta à casa; e, quando o velho senhor com sua esposa entram no quarto, eles encontram o jovem C..., já meio erguido da cama, alarmado com o barulho que seus senhores provocaram. Vergonha e perplexidade se apoderam dele. E quando o casal desconcertado volta e desaparece novamente no cômodo pelo qual eles haviam chegado, ele se levanta e se veste. Vai furtivamente até o seu quarto, cansado de sua vida, e escreve uma breve carta para a mulher, na qual esclarece o incidente; e, com a pistola que ficava pendurada na parede, atira contra o próprio peito. Aqui termina a história de sua vida; mas, todavia (estranho o suficiente) só aqui ela começa de fato. Pois, em vez dele, o jovem, que considerava valioso demais para matar, o tiro veio a atingir o velho Senhor, que se encontrava no quarto ao lado, provocando-lhe um derrame: o senhor D... morreu em poucas horas, sem que a arte de todos os médicos, que foram chamados, fosse capaz de salvá-lo. Cinco dias depois, quando o senhor D... já estava bem enterrado, o jovem acordou – o tiro havia lhe atravessado o pulmão, porém sem risco de vida. E quem descreve perfeitamente – como devo dizer, sua dor ou sua alegria? – quando ele descobriu o que tinha acontecido e que se encontrava nos braços de sua amada, pelos quais ele quis se entregar à morte! No decorrer de uns anos, ele se casou com a mulher; e ambos ainda viviam, no ano de 1801, quando sua família já contava com treze filhos, como um conhecido relata.

Um comentário:

elise pierre disse...

parabéns pela tradução, deve ter sido bem difícil, qto tempo demorou?

enfim , inverte legal a hist do Werther..